Você sabia que o nome de Antônio Carlos Gomes, maestro campineiro que levou a música brasileira além das fronteiras nacionais, não se restringe apenas às partituras ou à memória histórica? Ele também está presente nos registros civis de São Paulo.
Um levantamento inédito realizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas, com base em dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP), mostra que mais de 7 mil pessoas foram registradas oficialmente como Carlos Gomes no estado. Entre elas, estão cidadãos que receberam nomes como “Carlos Gomes” ou “Antônio Carlos Gomes”, em homenagem direta ao maestro.
Antônio Carlos Gomes: de Campinas para o mundo
Nascido em Campinas, em 1836, Carlos Gomes se tornou o primeiro compositor brasileiro a conquistar espaço na cena internacional da ópera. Sua obra mais célebre, O Guarani, estreou em 1870 no Teatro alla Scala, em Milão, e abriu portas para o reconhecimento mundial da música brasileira.
Além de O Guarani, outras óperas como Fosca e Salvator Rosa consolidaram sua reputação ao unir elementos universais a temas de identidade nacional. Por isso, o nome do maestro segue presente não apenas em teatros, praças, ruas e escolas, mas também em milhares de certidões de nascimento no Estado de São Paulo.
Homenagem que atravessa gerações
Ao longo das décadas, milhares de famílias decidiram batizar seus filhos como Carlos Gomes, perpetuando a memória do maestro campineiro no cotidiano. O levantamento da Arpen-SP revela como a influência cultural de um artista pode se transformar em legado social, atravessando gerações e mantendo viva a história de Campinas e do Brasil.
Do cartório ao palco: quando o nome ganha vida
Entre os milhares de registros, um caso se destaca: o de um músico da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas que também se chama Carlos Gomes. Contrabaixista, iniciou os estudos musicais aos 12 anos no universo da música popular e, com o tempo, transformou a paixão em profissão. Em 2022, concluiu o mestrado, consolidando sua trajetória acadêmica e artística.
Hoje, integra a principal orquestra da cidade natal do maestro, carregando não apenas o peso de um nome histórico, mas também a responsabilidade e a honra de manter vivo o legado de Antônio Carlos Gomes nos palcos de Campinas.
“Coincidentemente, meu pai se chamava Carlos Gomes e meu avô Manuel José Gomes (o mesmo nome do pai do compositor campineiro). O que poderia ser considerado apenas uma mera coincidência, carregar o nome deste grande mestre da música, tornou-se motivo de grande orgulho. Hoje, vivendo em Campinas e fazendo parte da orquestra, não poderia sentir honra maior”, afirmou Carlos Gomes.
Legado vivo
Mais de um século após a morte de Carlos Gomes, em 1896, seu nome e sua música continuam presentes, seja nos grandes palcos, nas homenagens espalhadas pelo Brasil ou nas certidões de nascimento que perpetuam sua memória.
“Me considero um amante da ópera, e com o tempo fui conhecendo mais sobre a obra de Carlos Gomes. Acho absolutamente genial como ele musicou o romance de José de Alencar, O Guarani, obra que retrata a formação e identidade do povo brasileiro na mistura do índio com o branco europeu”, afirmou.
“Apesar de manter a estética da música italiana, ele se preocupou em divulgar nossas raízes e criar uma obra que fosse ressignificar um gênero musical tão consolidado”, explicou o músico.
Texto: Amanda Soares (com supervisão de Hidaiana Rosa)
Foto: Firmino Piton
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